Já em 1918, um grupo de rapazes da zona da beira-mar, depois de solicitarem a José Reinaldo Rangel de Quadros Oudinot que patrocinasse a fundação de uma nova colectividade desportiva, lançam-se na concretização da ideia e dão corpo a uma associação de futebol na zona da estação dos caminhos de ferro. Pouco depois, iniciaram-se desafios amigáveis, que tiveram como resultado imediato uma certa renovação ou revigoramento dos clubes existentes e que viriam a favorecer a criação de um ambiente propício a maiores empreendimentos. A associação teve vida efémera, mas lançara a semente que em breve iria germinar.
De facto, durante o ano de 1921, alguns rapazes do bairro piscatório da beira-mar – dessa parte baixa da cidade, mas alta no genuíno casticismo aveirense – recém-chegados dos Estados Unidos, para onde haviam emigrado, reuniam-se todas as noites no Rossio. Tinham andado por outras paragens; todavia, de nascença e de criação, de maneira de ser e de amar, sempre foram e permaneceram bons cagaréus até à fibra mais profunda. Falavam de tudo e cada dia que passava, sentiam-se mais um grupo unido, cujo elo de ligação era a amizade.
Insensivelmente, porém, as conversas foram caindo num ponto comum, quase obrigatório, o tema dominante passou a ser o futebol e o seu lançamento entre eles. Com muita naturalidade, viram-se aglutinados pelo comum e dominante desejo de jogarem à bola. A ideia bailara e logo fora assimilada, moços apostados em disputar um esférico com quem quer que fosse, não lhes importavam os olhares complacentes ou irónicos do cidadão circunspecto, que levaria à conta do tolerável mania esta a dos "americanos".
Pensava-se seriamente na fundação de um clube, que já se encontrava em gestação.